23 agosto 2007

O Gaúcho e o Leão

O gaúcho andava a cavalo pelas florestas africanas, quando, de repente, entra numa clareira e se depara com um enorme leão.

O cavalo do gaudério se assusta com a presença do enorme felino e começa a refugar, até que dá uma empinada derrubando o gaúcho no chão e em seguida foge em disparada deixando o bagual sozinho atirado.

O gaúcho começa a se levantar devagarito, e vê que o bixano vem lentamente em sua direção. Então, antes de agir, faz uma pequena oração:

"Deus, se o senhor tá torcendo por mim, faça com que eu puxe agora essa minha adaga da bota, atire-a em direção ao leão de maneira certeira, fazendo com que atinja o meio da cabeça dele e seja mortal.
Mas se o senhor tiver torcendo pelo leão, faça com que eu erre o lançamento da adaga, e que o bicho dê um pulo certeiro pra cima de mim, mordendo diretamente minha jugular, e que eu morra na hora, sem sofrimento, nem dor.
Agora, Deus, se o senhor não tiver torcendo pra ninguém... Então senta ali naquela pedra, e assista uma das maiores peleias que já se sucederam por essas bandas!"

ESSE É O ESPÍRITO GAÚCHO!!!

15 agosto 2007

Um clássico da Poesia

Chimarrão

Autoria: Glaucus Saraiva

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.