16 maio 2007

Tango do Meretrício

Autores: Luiz Bastos - Mauro Ferreira
Interpetre: João de Almeida Neto

Rasguei a certidão de casamento
Finquei o braço na mulher
Foi um gritedo
Vesti uma fatiota elegante
Despachei duas amantes
E me mandei pro chinaredo.
Não há lugar melhor que o meretrício
No vício é que eu encontro meu papel
Me enfrasco e canto um tango pras gurias
Que eu sou filho de uma tia da empregada do Gardel
Desde guri eu nunca fui um bom sujeito
Pois a falta de respeito sempre foi minha vocação
Me lendo a mão uma cigana disse tudo
Ou capam esse cuiúdo
Ou emprenha toda nação
Me lendo a mão uma cigana disse tudo
Ou capam esse cuiúdo
Ou emprenha toda nação
Dizem que bom eu só vou ser depois de morto
Porque pau que nasce torto
Não dá mais prá endireitar
Eu sou teimoso e por não concordar com isso
Me mandei pro meretrício
E fico até desentortar
Amanhã minha mulher que é uma cruzeira
Vai reunir a família inteira prá tentar me redimir
Mas eu garanto que enquanto tiver dinheiro
Nem que chamem os bombeiros não me tiram mais daqui
Mas eu garanto que enquanto tiver dinheiro
Nem que chamem os bombeiros não me tiram mais daqui

08 maio 2007

Lendas do Sul - Erva-mate

ERVA - MATE
Poucas cenas são mais emblemáticas no imaginário das tradições regionais que o do gaúcho segurando uma cuia a sorver seu chimarrão.Quem a contempla logo pensa que o chimarrão e o homem do Pampa nasceram juntos, assim como se tivessem sido feitos um para o outro.
Sequer chega a suspeitar de que nem sempre existiu a erva - mate mesmo quando já se habitavam essas terras do Sul.


A árvore de onde se colhe a folha para produzir a bebida amarga adorada por tantos gaúchos só surgiu no mundo depois de um pedido muito especial feito a Tupã, o grande Deus indígena.Em algum lugar no meio das coxilhas vivia aquerenciada uma tribo guarani, cujo cacique tinha muita fama de valentia, bravura e sabedoria.Era um exemplo para seus comandados. Todos os indios queriam ser como ele, lutar como ele, caçar como ele, ter o conhecimento de tudo que ele sabia. Outro motivo de orgulho para o cacique era a sua linda e formosa filha, Caá-Yari, muito admirada pelos jovens guerrreiros.Mesmo com tantas razões para ser um homem altivo e feliz, o chefe indio andava acabrunhado. Triste.Uma tristeza que vinda lá do fundo da alma. O cacique estava se enveredando pelos caminhos da velhice e tinha medo de ficar sozinho.Álem disso, estava preocupado com sua sucessão. Não tinha filho homem e precisou escolher para sucedê-lo o mais valoroso entre os guerreiros da tribo.Justo o bravo pelo qual sua filha Caá-Yari, estava apaixonada.Era um grande problema a afligi-lo.Pela lei dos guaranis, a mulher do chefe da tribo tinha de acompanhá-lo em quaisquer de suas viagens, fossemm caçadas, fossem batalhas, fossem missões de paz ou a busca de novas terras.Assim , se Caá-Yari casasse com o guerreiro escolhido para se tornar o novo cacique, muitas vezes teria que se ausentar da tribo.Com a filha longe, o velho chefe não sabia se ia aguentar continuar vivendo.Caá-yari conhecia as apreensões do pai. E para não magoa-lo, a bela india amava seu adorado em segredo.A filha zelosa sabia que, só com o pensamento de vê-la longe, o cacique caia numa melancolia danada.O despreendimento de Caá-yari era percebido pelo chefe indigina.Sua dor e angustia eram tantas que decidiu procurar Tupã, o deus dos deuses, aquele que costuma ordenar todas as coisas no mundo.O cacique tinha consciencia de que não poderia exigir a presença da filha ao seu lado para sempre e pediu a Tupã, que lhe escolhesse um companheiro para as horas de solidão.Como forma de atender o pedido, o grande cacique do Céu mostrou ao cacique da terra uma árvore grande, de folhas verdes.Dessa árvore o chefe indio retiraria , secaria e torraria as folhas, fazendo com elas uma bebida amarga e quente, mas deliciosa.Seria sua companhia para quando ninguem estivesse junto a ele. Para preencher o vazio da saudades.E assim foi criada a erva - mate.Tupã também ensinou o cacique a partir o porongo e a fazer um canudo de taquara. Junto com a erva, surgiam a cuia e a bomba do chimarrão.Arraigando-se ao hábito da nova companhia, o cacique pôde finalmente confirmar seu sucessor como legitimo lider da tribo e, ao mesmo tempo abençoar a união dele com sua filha.Agora , quando os dois jovens estivessem longe, o velho indio teria sempre ao seu lado o antidoto para espantar a tristeza.Por ter sido a razão do surgimento da erva - mate, Caá-yari passou a ser a padroeira e protetora dessas árvores.Desde então, a lenda foi sendo contada de geração em geração.Uma historia que passou a rechear a prosa nas rodas de chimarrão.
Caá-yari - O nome da filha do cacique neste texto da lenda, é uma composição de dois termos no idioma guarani: "caá", que significa folha ou especificamente mate, e "yarií", que significa avó.
Erva - mate - A arvore de cujas folhas se prepara o ingrediente básico para o chimarrão. É uma planta das aquifoliáceas, tambem chamada apenas de mate.
Pampa - Tem origem no idioma dos indios quichuas, significando campo aberto.